“É um baque, mas há outras coisas além da medalha”

Thiago, do vôlei de praia, fala sobre a tristeza de sair do caminho do pódio no Pan, mas não deixa o momento estragar a sua "grande vitória"

Desta vez ele estava cabisbaixo. Tão sorridente após os jogos na sala de entrevistas, Thiago desta vez quase chorou de tristeza. Mas entre uma respirada funda e outra conseguiu enxergar que há “outras coisas além da medalha”. Ao lado de seu parceiro Oscar, ele perdeu neste domingo (28) para os mexicanos Virgen e Ontiveros nas quartas de final do vôlei de praia e ficou fora da briga pelo pódio dos Jogos Pan-Americanos.

“A gente fica muito triste, muito triste mesmo de não seguir adiante. É um baque”, diz Thiago, com olhar distante, fazendo uma grande pausa nas palavras, talvez para segurar as lágrimas diante do repórter, a quem atendeu com toda amabilidade que pode. “É doloroso não ir para as finais, não buscar a medalha para o nosso país, mas é do jogo, é do esporte”, disse, resignado.

Nem tudo, porém, foi terra arrasada. “Cada um tem a sua história, sabe como que chegou aqui. Chegar no Pan é uma vitória. A persistência, a resiliência de passar por momentos difíceis e continuar acreditando que dava para jogar um grande evento. Grandes jogadores não conseguiram passar por isso. Grandes mesmo, vários outros jogadores, até mais renomados do que o Thiago não tiveram a experiência de jogar um Pan-Americano. Eu estou muito feliz de ter tido essa oportunidade, vou levar para a minha história”, afirma, orgulhoso.

Quando faz uma breve avaliação do que está vivendo em Lima não deixa a derrota estragar tudo. “Está sendo um campeonato muito gostoso de jogar, o clima é diferente. A gente também vem deixando grandes exemplos o tempo inteiro. A gente esteve na frente, esteve atrás e manteve a mesma postura. Não desistimos em nenhum momento. Conseguimos brigar, lutar, mostrar que existem outras coisas além da medalha”.

Mas o que tem além da medalha? Ele respira fundo e responde. “Vou levar a minha experiência em um Pan, que é uma coisa muito legal. Viver isso não tem preço. Estar aqui é um grande presente. Lógico que teria sido um presente melhor a medalha, mas não veio então vamos continuar aproveitando esse evento”.

Aqui é importante explicar que mesmo fora do caminho do pódio, o vôlei de praia do Pan não acabou para eles. Vão disutar a quinta colocação. E aqui também tem algo a fazer “além da medalha”. “Vamos entrar para os outros jogos, brigar pelo quinto lugar para o Brasil mostrando o outro lado que é perseverança, luta, determinação. Mostrar o que o brasileiro é. Um cara aguerrido, um cara que luta, corre atrás”.

Fim do sonho da medalha veio contra os mexicanos (Wander Roberto/COB)

Ao seu lado seu parceiro Oscar também estava chateado, mas demonstrava de maneira diferente. Estava, digamos, irritado, para não usar uma palavra mais feia que caberia com mais perfeição. Ainda assim conseguiu fazer uma avaliação dos dias de vôlei de praia em Lima. “A gente deixou tudo o que podia. É um torneio longo, que a gente não está muito acostumado a jogar. São muitos dias de competição, um jogo por dia, então é um pouco mais cansativo de cabeça. Mas a gente entregou tudo, tudo o que a gente podia fazer. Algumas coisas deram certo, outras não, mas entrega é o que não faltou”, falou, já querendo sair daquela sala de entrevistas e ir esfriar a cabeça.

Thiago ficou mais um pouco. Mesmo após o repórter sair. Ficou sozinho, sentado na cadeira. Acho que quis derramar algumas lágrimas quando finalmente o repórter deixou-o em paz.

André Rossi
Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu ‘in loco’ os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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