Na última semana, a grande partes das manchetes do tênis de mesa envolveram, direta ou indiretamente, o título de Hugo Calderano na Copa do Mundo da modalidade. Com a quebra da hegemonia chinesa na competição, que perdurava desde 2018, muita coisa aconteceu, incluindo a renúncia do presidente da Associação do país, Liu Guoliang, em meio a pressão dos resultados. Para Hugo, os chineses seguem sendo a grande referência do esporte, mas a evolução dos atletas “estrangeiros” é notável.
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“Com certeza, se a gente comparar com alguns anos atrás, o nível do resto do mundo tá muito mais alto. Agora temos muitos atletas que brigam e fazem frente com os chineses. Eles ainda são os melhores, acho que ainda vão continuar sendo, mas é muito bom ver de vez em quando os chineses serem derrotados ou pelo menos desafiados por outros atletas”, argumentou o número 3 do ranking mundial.
“Nos últimos anos a concorrência aumentou muito. Se a gente olha oito ou dez anos atrás, tinha ali uns quatro caras que podiam fazer frente aos chineses, que eram o (Dimitrij) Ovtcharov, o (Timo) Boll, o (Vladimir) Samsonov e o (Jun) Mizutani. Depois tinha um outro escalão ali que tava um pouco mais abaixo. Mas agora tem ali dez, quinze atletas (com potencial de bater de frente). As vezes você vê um cara 40 do mundo ganhando de um chinês top. Acho que isso é bom para o tênis de mesa em geral”.
Crise anterior
A queda de Liu Guoliang explicitou uma preocupação chinesa com uma possível perda da hegemonia. Nas olimpíadas, a queda precoce de Wang Chuqin, impedindo uma dobradinha do país no individual masculino, também foi um alerta. Mas a vitória brasileira foi o estopim.
Foi a primeira vez em 23 anos que um atleta estrangeiro se sagrou campeão de um torneio internacional em território chinês. Os fãs locais se manifestaram através da internet. A tag “O tênis de mesa chinês precisa refletir” se tornou o assunto mais comentado no Weibo, a principal rede social da China com mais de 100 milhões de registros. Hugo Calderano não escondeu a surpresa com a decisão.
“Não sei se é exatamente uma coisa que aconteceu por causa do meu resultado, mas é muito interessante. O Liu Guoliang é o principal cara da direção e delegação chinesa há muitos anos. Foi um grande jogador. Foi treinador da seleção, era presidente da confederação e tem uma cargo muito importante no WTT, então é uma notícia muito grande ele estar saindo. Mas é muito bom ver as coisas mudando no cenário do tênis de mesa, eu espero que meu título abra mais as portas para atletas de fora da China”, completou o brasileiro.