A brasileira Isabela Abreu disputou pela primeira vez, oficialmente, uma prova de obstáculos do pentatlo moderno. Foi na Copa Rio, no fim de abril, e nela a curitibana sentiu na pele o alto valor desta nova competição. “Percebi que a prova é muito valiosa, porque um segundo na pista são três pontos. Um segundo na natação são dois pontos. E um segundo na corrida é um ponto. Então é um pra três”, disse Isa Abreu com exclusividade para o Olimpíada Todo Dia.
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A prova de obstáculos entrou agora, no ciclo para Los Angeles, como uma das cinco modalidades do pentatlo moderno. Foi criada para substituir o hipismo. As outras são esgrima, natação, corrida e tiro esportivo. A pista tem oito obstáculos numa sequência de 70 metros e o objetivo é completar no menor tempo possível. “Quatro (obstáculos) são de membro superior, que são aqueles aéreos, tem que fazer força, se pendurar. Além deles, tem a rampa, que é o último, dois de equilíbrio e o muro, que você passa por cima, por baixo e depois pelo meio”, detalha Isa.
“O objetivo é chegar em menos tempo. O tempo é convertido em pontos, ou seja, quanto mais rápido você fizer, mais pontos você ganha”, acrescenta a brasileira. A pontuação respeita uma tabela com a marca de 65s como referência. Ela vale 250 pontos. Se atleta completar em 64s, marca 253 pontos. Se fizer em 63s, 256 e assim por diante. Por outro lado, se precisar de 66s, faz 247 pontos, e se registrar 67s, junta 244 pontos e assim sucessivamente.
Vacilo na argola
Caso o atleta falhe em algum obstáculo, pode voltar para tentar novamente. Se conseguir, segue em frente, mas se voltar a falhar, é desclassificado. Foi aí que Isa Abreu sentiu como o valor da prova pesa. “No segundo dia (da Copa Rio), acabei dando um vacilo na argola, acabei caindo. Aí realmente ali acabou comprometendo. Por mais que eu não tenha sido eliminada, tive que correr até o final do obstáculo, voltar e passar de novo. Perdi muito tempo e ali comprometeu total a minha chance de medalha. Todas as outras meninas passaram direto, sem cair”.
Apesar de ficar fora da disputa das medalhas, Isa Abreu, única representante brasileira no pentatlo moderno em Paris-2024, tinha como objetivo terminar a prova com obstáculos. “Nunca tinha feito ela direto, de uma vez só. Foi um tanto tensa, por não saber fazer algumas coisas, não ter o conhecimento de fazer a prova como um todo. Então quis ir bem devagarzinho, bem cautelosa”, conta. “Foi bom, um termômetro para entender onde que a gente está e onde precisa investir. Ainda me senti muito insegura de correr durante a pista, de colocar velocidade”.
Aéreos e calos
Isa Abreu comentou que achou os aéreos os obstáculos mais difíceis. “Exigem muita força, exigem essa questão da mão também estar bem calejada. Já tentei usar esparadrapo, não me adaptei, então a mão vai no seco mesmo”, diz. “Não pode usar nada, não pode usar magnésio, não pode usar luva, não pode usar nenhum tipo de pomada na mão. Então, é realmente desenvolver os calos para conseguir fazer a pista bem. São quatro (aéreos) de oito. É bastante coisa, 50% da pista”, diz.
Pista e Mundial
Além de poder se testar em campo, a participação na Copa Rio credencia a brasileira a disputar provas internacionais. A Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno exige que, para competir no exterior, o atleta tenha feito pelo menos uma prova com obstáculos.
O Brasil ainda não tem nenhuma pista instalada, conta apenas com essa utilizada na Copa Rio, uma opção itinerante pra ser usada em competições pelo país. Em breve isso vai mudar, justamente porque a própria Isa Abreu resolveu construir uma em Curitiba. O custo da obra inviabiliza a participação dela em competições internacionais, então a pentatleta olímpica deve voltar a competir fora do Brasil somente no Mundial, em agosto. “Essa temporada realmente ficou um pouco prejudicada. As provas são praticamente todas no primeiro semestre. Já teve duas Copas do Mundo, agora mês que vem já tem a terceira. E aí vai acabar sobrando o Mundial, que é só em agosto. A ideia é ir pra essa competição”, diz.