‘Levante a bola delas’: atletas e LBF se unem por mais apoio

No Dia Internacional da Igualdade Feminina, união de peso lança campanha exigindo mais apoio ao basquete feminino

Dia 26 de agosto, Dia Internacional da Igualdade Feminina, foi a data escolhida pela LBF (Liga de Basquete Feminino) e uma seleção de peso de atletas da modalidade para lançarem a campanha #LevanteABolaDelas. Unidas por uma causa, elas pedem mais apoio e visibilidade ao basquete feminino, “porque já está mais do que na hora”. 

O movimento em prol da modalidade cresceu nos últimos meses desde que a pivô e multicampeã Erika se posicionou publicamente pedindo por mais igualdade no esporte. Agora, ela ganhou a companhia de nomes históricos como Hortência, Magic Paula e Janeth, além de Tainá Paixão, Raphaella Monteiro e tantas outras. 

Confira o vídeo da campanha:

“Por que meus títulos não têm o mesmo valor? Só porque sou mulher?” Um questionamento simples e direto, que talvez – e infelizmente – tenha a resposta que a gente não queria ouvir: sim. Afinal, qual explicação para que uma modalidade campeã mundial e finalista olímpica nos anos 90 ter que, hoje, precisar lançar uma campanha pedindo mais apoio? Ou por que Erika, campeã da WNBA e oito vezes campeã do Campeonato Espanhol de basquete, entre tantas outras, nunca teve patrocínio?

+A escancarada diferença no patrocínio de homens e mulheres

#LevanteABolaDelas

A necessidade da campanha #LevanteABolaDelas, mesmo que sem explicação, vem de uma realidade que vai desde a seleção aos clubes. Desde 1991, a seleção brasileira de basquete feminino não levantava uma taça. O jejum foi encerrado, enfim, nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, competição que o masculino sequer se classificou.

Mas foi uma exceção à regra. No Pré-Olímpico Mundial, a equipe terminou sem nenhuma vitória e sem a vaga para a Olimpíada pela primeira vez desde 1992, mostrando que ainda há muito trabalho a ser feito. 

Da mesma forma, a LBF vive em um mundo completamente diferente do mundo do NBB. A começar pela base. Enquanto o torneio masculino tem a LDB (Liga de Desenvolvimento do Basquete), que já revelou nomes como Bruno Caboclo e Cristiano Felício, o feminino nem tem uma competição de base. O cenário se estende para o adulto também, que tem uma diferença escancarada de investimento e visibilidade. Mais uma vez: por quê?

+Saiba mais sobre as diferenças entre NBB e LBF

Em 2018, a diferença entre as duas ligas já aparecia de forma clara na realização do Jogo das Estrelas (Arte Sarith Anischa)

Movimento ganha força

A discussão, infelizmente, não é nova. Mas enquanto a realidade persistir, é preciso falar dela para fortalecer a causa, como faz a #LevanteABolaDelas. E é o que aconteceu há pouco mais de um mês, quando se percebeu que a falta de apoio ao basquete feminino não estava “somente” no âmbito das marcas e patrocinadoras. 

No início de julho, a LBF contava com pouco mais de 5 mil seguidores no Twitter, número 28 vezes menor que os 138 mil do perfil do NBB. Um grupo de mulheres, então, puxou uma campanha que fez com que o perfil oficial da LBF dobrasse o seu número de seguidores em poucas horas. Hoje, no entanto, já são quase 14 mil. E ainda que uma diferença gritante, já é uma vitória. 

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“São movimentos que cada vez mais se fortalecem e as mulheres estão sim buscando serem reconhecidas e valorizadas. A mulher pode sim praticar o esporte e tê-lo como profissão. Já caminhamos muito, mas ainda há um longo caminho a trilhar, e pode ser um start para as outras modalidades estarem juntas neste contexto. É nosso papel e é dessa forma que posso contribuir para que a modalidade se fortaleça cada vez mais”, exaltou Magic Paula. 

LBF - Apoio ao basquete feminino - Dia Internacional da Igualdade Feminina
Magic Paula se uniu à campanha, lançada no Dia Internacional da Igualdade Feminina (Renan Pirani)

“É muito bom ver o engajamento de todos em torno do basquete feminino. Isso mostra que estamos unidas defendendo aquilo que é direito nosso, que é a igualdade nos patrocínios, no apoio das marcas esportivas e visibilidade”, acrescentou Érika.

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A valorização e apoio ao basquete e ao esporte feminino em geral passa por uma série de aspectos, entre eles o patrocínio – ou a falta dele – como as atletas tanto falaram no vídeo da campanha. Mas talvez, se formos mais a fundo na questão, o aspecto principal seja cultural e estrutural. O esporte é “apenas” um reflexo daquilo que acontece na sociedade de maneira geral. Sociedade esta que também não proporciona igualdade para as mulheres. Mas não precisa ser um reflexo. Pode – e deve – ser um exemplo. Basta querer.

Fernanda Zalcman

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