‘Largado’ olímpico é a pior herança da Olimpíada Rio-2016

Interdição do Parque Olímpico da Barra, autorizado pela Justiça Federal do Rio, é mais um triste episódio na falta de zelo com o chamado legado dos Jogos
Parque Olímpico Rio-2016
Visão aérea do Parque Olímpico Rio-2016, na época dos Jogos. Realidade bem diferente de hoje, com a interdição autorizada pela Justiça Federal Crédito: Ricardo Sette)

Quatro anos se passaram e já é possível avaliar, com frieza e distanciamento, que a pior coisa que ficou da Olimpíada Rio-2016 foi a expressão “legado olímpico”. Pelo menos em relação ao Parque Olímpico da Barra. Construído por mais de R$ 2 bilhões, trata-se de uma verdadeira lorota falar em legado ali. Desde que os Jogos acabaram, foi subutilizado para o esporte, a despeito de ter abrigado mega-eventos como o Rock in Rio ou show da dupla Sandy&Junior, entre outros menos cotados.

Pois nesta quarta-feira (15), as definições de vexame foram atualizadas, com o anúncio da interdição das dependências do Parque Olímpico, autorizada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro.

+ O blog está no Twitter. Clique e siga para acompanhar
+ Curta a página do blog Laguna Olímpico no Facebook
+ O blog também está no Instagram. Clique e siga

O pedido de interdição, pelo prazo de 48 horas, atendeu a uma solicitação do Ministério Público Federal. O órgão alega que as instalações não podem ser utilizadas em razão de ausência de laudos de segurança, como o de vistoria do Corpo de Bombeiros e o “habite-se” da Prefeitura do Rio.

Na decisão assinada pelo juiz federal Eugênio Araújo, é destacada que a AGLO (Autoridade de Governança do Legado Olímpico) foi extinta em junho do ano passado, contribuindo para o estado de abandono das instalações.

O magistrado lembrou ainda que grandes eventos seguem acontecendo no local, trazendo risco e que “esse cenário, composto por locais castigados pela falta de cuidado e pela presença de milhares de pessoas, pode resultar em tragédias”.

Para deixar as coisas claras, o estado de abandono do Parque Olímpico da Barra não é exclusividade do atual governo. Na gestão Michel Temer, o local chegou a ficar seis meses fechado, sem ninguém saber quem iria gerenciar o espaço. Depois, com a criação da AGLO, houve a criação de um calendário de eventos, embora muitos deles nada tivessem a ver com o nome “olímpico”, como feiras e competições de videogame. Menos mal que a CBW (Confederação Brasileira de Wrestling) tenha acertado sua mudança para as dependências da Arena Carioca 2.

A interdição traz de cara prejuízos diretos na preparação de atletas a seis meses da Olimpíada de Tóquio-2020.

A seleção brasileira feminina de basquete faz na Arena Carioca 1 sua preparação para o Pré-Olímpico mundial, que será em fevereiro. Já a ginástica artística realiza um camping de treinamento da seleção feminina no Centro de Treinamento Time Brasil, do COB (Comitê Olímpico do Brasil). A instalação também fica no Parque da Barra.

Definitivamente, o jocoso apelido “largado olímpico” parece mais verdadeiro do que nunca.

VEJA TAMBÉM:

Caos financeiro é o ‘legado olímpico negativo’ do esporte brasileiro 
Confederações de basquete e wrestling irão para o Parque Olímpico 
Tristeza olímpica no velódromo 
Rio-2016, um legado ainda incerto para o Brasil

Marcelo Laguna

Mais em​ Laguna OlímpicoIsto é BrasilOlimpíada

A inédita vitória na Copa do Mundo de tênis de mesa de Macau conseguiu ser destaque no noticiário geral e até nos intervalos da transmissão do futebol
Presidente do comitê olímpico americano tem mantido reuniões com membros do governo, tentando atenuar as duras medidas restritivas de Trump para vários países
Modalidade que estará na Olimpíada de Los Angeles-2028 saberá até junho se contará com a participação dos astros da liga profissional de futebol americano
A ucraniana Daria Bilolid, bronze nos Jogos de Tóquio-2020 na categoria até 48 kg, deixou os tatames para defender a equipe feminina do Metalist