Sonho olímpico dos e-sports fica mais distante após reunião no COI

Encontro da cúpula do movimento olímpico decide que são necessários mais estudos antes da aprovação da entrada dos e-sports nas Olimpíadas

Após o COI sinalizar, há um ano, que os e-sports poderiam no futuro entrar no movimento olímpico, a situação mudou consideravelmente neste sábado (8).

Reunidos para o 7º Olympic Summit em Lausanne (SUI), os principais dirigentes do esporte olímpico divulgaram um comunicado com várias decisões tomadas neste encontro. Entre elas, houve um recuo na posição do grupo a respeito dos e-sports.

Reunião da cúpula do movimento olímpico não foi positiva para os e-sports (Crédito: Reprodução)

“Concorda-se que o Movimento Olímpico não deve ignorar o crescimento dos e-sports, particularmente por causa de sua popularidade entre as gerações mais jovens ao redor do mundo. Concorda-de que um jogo competitivo implica atividade física comparada às exigidas aos esportes mais tradicionais. Por outro lado, necessariamente isso não se aplica aos jogos eletrônicos de lazer. Por esta razão, o uso do termo esporte em relação aos e-sports/e-games requer mais diálogo e estudo”, diz um trecho do comunicado do encontro, que foi ainda mais incisivo em outra parte do texto.

“Por todas essas razões, uma discussão sobre a inclusão de e-sports / e-games como um evento de medalha no programa olímpico é prematura”

A íntegra do comunicado, em inglês, pode ser conferida aqui.

Participaram do evento alguns dos principais nomes do esporte olímpico mundial, entre eles o próprio presidente do COI, o alemão Thomas Bach.

Mudança de rota

Mas o que teria contribuído para uma virada tão radical após pouco mais de um ano?

Embora o COI tenha consciência do potencial dos e-sports, especialmente do ponto de vista econômico, as incertezas sobre seu lugar no movimento olímpico permanecem.

O principal ponto, pelo comunicado do Olympic Summit, é que alguns games não estão de acordo com os valores olímpicos. De fato, me parece surreal que um video-game onde o principal objetivo seja matar o maior número de adversários possa um dia estar nas Olimpíadas.

Os dirigentes também se incomodam com a grande fragmentação da indústria dos games, impulsionada por um mercado altamente volátil e que deverá gerar um lucro de US$ 1,4 bilhão em 2020. Houve uma maior simpatia aos simuladores de esportes e a cúpula concordou em intensificar as conversas com este tipo de e-sports. Desde que as federações internacionais mantenham “controle adequado” sobre estas versões.

Comenta-se também que a morte de Patrick Baumann, membro do COI e entusiasta da entrada dos e-sports no movimento olímpico, contribuiu para esfriar um pouco a aproximação do universo dos games dos Jogos Olímpicos. Os organizadores da Olimpíada de Paris-2024 também já tinham demonstrado simpatia com a possibilidade de incluir os e-sports em seu programa de competições.

Pelo visto, as discussões vão durar ainda um pouco mais do que se imaginava.

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Marcelo Laguna

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