Ativistas divulgam carta pedindo que atletas boicotem Pequim-2022

Campanha contra os Jogos de Inverno do ano que vem parte de grupos que acusam a China de desrespeitar direitos humanos

A pouco mais de dois meses para o início da Olimpíada Pequim-2022, tanto organizadores quanto o COI (Comitê Olímpico Internacional) ainda lidam com protestos contra a realização dos Jogos de Inverno, que começam em 4 de fevereiro. Depois do tal “boicote diplomático” anunciado pelo governo dos Estados Unidos, apoiado por alguns países com quem são alinhados politicamente, agora aumenta a pressão para que os atletas efetivamente desistam de competir na China.

Ativistas em defesa dos uigures, tibetanos e de Hong Kong divulgaram esta semana uma carta aberta pedindo aos atletas que não apoiem Pequim-2022, que eles chamam de “Jogos do Genocídio”.

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Assinada por Zumretay Arkin do Congresso Mundial Uyghur, Chemi Lhamo, ativista tibetano-canadense, e Frances Hui, do We The Hongkongers, a carta aberta não economiza nos adjetivos ao se dirigirem aos atletas. “Sabemos que é extremamente difícil pedir aos atletas olímpicos, que dedicaram tanto tempo e energia para se tornarem campeões em suas modalidades. Mas não é exagero dizer que a vida sob o governo chinês é literalmente a morte para o nosso povo”, diz a carta.

As ativistas lembram no texto da carta que tanto o COI quanto o presidente Thomas Bach falharam ao colocar os atletas divididos entre escolher os direitos humanos e competir em um cenário de genocídio. “Por causa disso, nós – tibetanos, uigures e honcongueses – estamos pedindo a vocês que não apoiem os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022”, pede o grupo, no texto da carta aberta.

Pressão antiga

Desde que ganhou o direito de receber os Jogos de Inverno de 2022, Pequim vem sofrendo pressões de grupos de direitos humanos. A onda intensificou-se em outubro, quando três ativistas invadiram a cerimônia de acendimento da chama olímpica, no Templo de Hera, em Olímpia (GRE). O protesto aconteceu diante do próprio Thomas Bach e da presidente da Grécia, Katerina Sakallaropoulou.

Por enquanto, o único boicote confirmado é o diplomático, liderado pelo governo dos Estados Unidos e que terá o apoio de Austrália, Canadá e Grã-Bretanha. Todos afirmaram que não enviaram representantes oficiais ´para acompanhar o evento em Pequim. Do ponto de vista esportivo, é um boicote completamente inútil, pois não impedirá que os atletas destes países estejam competindo nos Jogos. Mas irritou bastante o governo chinês, que já andou falando em fazer retaliações.

Não acredito que a carta dos grupos de ativistas vá fazer algum atleta de desistir de competir em Pequim-2022. Mas sem dúvida traz uma incômoda discussão à tona, ao menos para os chineses.

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Marcelo Laguna

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