Ofurô Olímpico #14: por que incomoda tanto o ouro dividido no salto em altura?

O gesto de fair play olímpico de Mutaz Barshim e Gianmarco Tamberi ainda causa indignação em muitos que não entendem o real sentido da Olimpíada

Entre tantas cenas marcantes que os Jogos de Tóquio-2020 deixarão, talvez a que mais me tocou foi a da medalha de ouro dividida no salto em altura entre Mutaz Barshim, do Qatar, e Gianmarco Tamberi, da Itália. No último domingo, os dois fizeram uma disputa acirrada e após empatarem na marca de 2,37 m, não conseguiram superar a altura seguinte (2,39 m), errando as três tentativas.

Grandes amigos fora da pista, propuseram então dividir o ouro, pois não viam sentido em seguir na disputa. O primeiro ouro repartido em 113 anos, o melhor exemplo de fair play olímpico que já vi, trouxe manifestações de revolta aqui no Brasil. Mas, por causa deste gesto, até colunas indignadas com a suposta falta de espírito de competição foram escritas.

Só posso dizer a estas pessoas que elas não entendem nada do que significa o espírito olímpico.

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“Ele é um dos meus melhores amigos e trabalhamos juntos. É um sonho virando realidade. Esse é o espírito esportivo e a gente está aqui para passar essa mensagem”, disse Barshim, bicampeão mundial do salto em altura O atleta qatari foi responsável por manter viva a vontade do amigo italiano em seguir no atletismo, após uma séria lesão em 2016.

No dia da final, após errarem as três últimas tentativas e perceberem que não conseguiriam definir o vencedor, propuseram o empate para o ouro. A última vez que isso aconteceu na Olimpíada foi em Londres-1908, entre os americanos Edward Cook e Alfred Gilbert, na disputa do salto com vara.

O gesto foi classificado como “vergonha”, “piegas”, “falta de espírito esportivo”, em textos nas redes sociais e até em colunas de jornal!

Os que criticam a decisão de Bashim e Tamberi enxergam como única função dos Jogos Olímpicos a disputa insana por medalhas e recordes. Mas saibam que não é apenas isso. A estas almas insensíveis, deixo apenas o meu lamento.

A FRASE

“Minha avó me ligou quando estavam me levando para o aeroporto por apenas dez segundos e tudo que ela e disse foi: ‘por favor, não volte para Belarus’”

Krystsina Tsimanouskaya, velocista de Belarus, em entrevista à “Reuters”, que pediu ajuda à polícia do Japão para não ser colocada no avião de volta ao seu país. Ela reclamou de ter sido escalada para uma prova que não estava prevista e foi retirada da delegação. Belarus é acusado de perseguir atletas que são contrários ao regime do presidente Alexander Lukashenko.

O NÚMERO

4

Medalhas olímpicas tem o técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães, três delas de ouro. Uma com o masculino, em Barcelona-1992, e duas com o feminino, em Pequim-2008 e Londres-2012. Neste sábado (7), ele conhecerá a cor da quarta medalha, na final contra os Estados Unidos.

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Marcelo Laguna

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