Ofurô Olímpico #5: Simone Biles nos lembrou que ela é um ser humano

Ao desistir de disputar duas finais para preservar sua saúde mental, a ginasta americana coloca na mesa uma discussão mais do que necessária

Não é de hoje que se fala sobre a necessidade de ter um cuidado especial para a saúde mental do atleta. E justamente no evento esportivo mais badalado como os Jogos Olímpicos foi que o tema passa a ser discutido com atenção. Tudo graças à maior estrela do esporte mundial no momento, a ginasta americana Simone Biles. Ao ter coragem de desistir de participar de duas finais, uma delas nesta quinta-feira (29), a do individual geral da ginástica artística, Biles quebrou um muro que parecia instransponível. Sim, mesmo superatletas como Simone Biles são humanos.

Durante a final por equipes, na terça (27), a ginasta americana desistiu logo após falhar na execução de um salto. Uma falha comum a todos os atletas, menos para ela. A primeira desculpa de federação americana era de suspeita de lesão, que pouco depois foi negada pela própria Simone Biles.

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“Tenho que focar na minha saúde mental. Acho que a saúde mental é cada vez mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e corpos e não só sair e fazer o que o mundo quer que façamos. Não somos apenas atletas, somos pessoas”, disse a ginasta americana, candidata a estrela máxima dos Jogos de Tóquio-2020.

Eis que nesta quarta-feira, a USA Gymnastics informou que Biles também não irá competir na final do individual geral, que será nesta quinta-feira pela manhã. Uma verdadeira bomba!

A decisão radical de não tentar uma nova medalha de ouro mostra um ato de extrema coragem da estrela americana. Joga ainda na mesa uma discussão necessária e que há muito precisa ser feita. Estamos preocupados com a saúde mental dos atletas?

À primeira vista, parece claro que nunca houve a preocupação de colocar o tema em discussão. No caso de Simone Biles, há agravantes que vão além da pressão excessiva em atingir todas as expectativas de que ela seja a estrela dos Jogos de Tóquio. Não podemos esquecer que ela foi uma das vítimas do mostro chamado Larry Nassar, o médico que abusou de dezenas de ginastas americanas durante anos, sob conivência de dirigentes americanos.

Triste ironia é que a fragilidade emocional do maior nome da ginástica artística da atualidade poderá ajudar na conquista de uma medalha (talvez de ouro) da incrível Rebeca Andrade. Preferia ver Rebeca superando a estrela Simone Biles dentro do ginásio, sem os problemas de saúde mental que a tiraram de ação dos Jogos de Tóquio. Espero que momentaneamente.

Medalha com bônus triplo

O feito de Hidilyn Diaz, do levantamento de peso, que conquistou em Tóquio a primeira medalha de ouro olímpica das Filipinas, rendeu a ela mais do que um lugar na história do esporte de seu país. A campeã da categoria 55 kg, que quebrou um jejum de 97 anos de vitórias em participações nos Jogos, rendeu um prêmio de US$ 660 mil (R$ 3,3 milhões) e uma casa, dados pelo governo. Mas ela ainda recebeu de um milionário filipino uma casa em um condomínio na cidade turística de Tagaytay, a 60 km de Manilla, capital do país.

A FRASE

“O árbitro, se a gente não define, ele tem que definir. E quem tiver um pouco mais de iniciativa, vai levar. Não foi culpa dele. Eu tinha que ter sido mais agressiva, imposto mais o ritmo, por mais que não fosse efetiva, que foi o que ela fez e acabou levando.”

Judoca brasileira Maria Portela, que após a derrota para a russa Madina Taimazova no golden score, que durou quase dez minutos e mesmo tendo sido prejudicada pelos árbitros, que não anotou um wazari que teria decido o combate a seu favor.

O NÚMERO

3.177

Foram os novos casos de Covid-19 em Tóquio nesta quarta-feira. O dado representa um novo (e triste) recorde da pandemia na sede dos Jogos Olímpicos, que vê uma rápida disseminação da variante delta do coronavírus, muito mais contagiosa.

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Marcelo Laguna

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