Falta de apoio do COI pesou para chefão de Tóquio-2020 renunciar

Yoshiro Mori não resistiu às pressões pelas declarações machistas, ainda mais sem respaldo dos velhos parceiros do COI

Os ventos que sopram no Movimento Olímpico, aparentemente estão mudando de direção. Neste caso, de forma positiva. Dez dias após fazer declarações machistas durante uma reunião do Comitê Olímpico Japonês, o presidente do comitê organizador de Tóquio-2020, Yoshiro Mori, deverá renunciar amanhã (12). A informação foi dada em primeira mão pela agência “Kyodo News” e depois por outros veículos de imprensa do Japão.

O dirigente japonês, famoso por dar declarações polêmicas, acabou passando do ponto no último dia 3, quando afirmou que era contrário um aumento de participação feminina no conselho do comitê japonês. Segundo ele, “as mulheres tendem a falar muito nas reuniões porque têm um forte senso de rivalidade”.

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Mori, de 83 anos e que comandava os Jogos Olímpicos e Paralímpicos desde 2014, entregará o cargo em uma reunião extraordinária do comitê organizador. Embora tivesse afirmado anteriormente que não pensava em deixar o posto, o cartola cedeu à forte pressão pública, política e até de um antigo aliado, o COI (Comitê Olímpico Internacional).

Esse talvez seja o ponto principal desta lamentável novela. Além disso, indica uma mudança na forma com a qual o COI vem encarando os novos tempos. Yoshiro Mori talvez tenha sido o grande aliado do presidente do COI, Thomas Bach, na árdua tarefa de manter em pé os Jogos Tóquio-2020, adiados para este ano em razão da pandemia do coronavírus e que estão em baixa popularidade Japão pela nova onda de Covid-19.

Por exemplo, Mori sempre foi a voz que assegurava que os Jogos acontecerão de qualquer forma este ano, com ou sem vacina.

Rejeição do COI

Contudo, o apoio do forte parceiro não apareceu em meio à esta crise. Em um primeiro momento, após as desculpas públicas de Yoshiro Mori, o COI disse que dava o caso por superado. Na última terça-feira, contudo, a situação se inverteu. Com mais de 60% das pessoas pedindo pela renúncia do dirigente e até pela saída de 400 voluntários indignados com o caso, o COI mudou de postura. Em nota oficial, afirmou que os comentários de Mori “eram absolutamente inadequados”.

Para completar, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, disse que se recusaria a participar da reunião do comitê organizador, em razão da presença de Mori.

O sucessor

Segundo a “Kyodo News”, o sucessor de Mori já está escolhido. Será Saburo Kawabushi, 84 anos, ex-presidente da Federação Japonesa de Futebol e que atualmente ocupava o cargo de prefeito da Vila dos Atletas.

O saldo de todo esse caso é constatar que o COI precisou fazer uma rápida mudança de atitude. Não teria cabimento apoiar um dirigente machista, por mais importante que ele seja. Ainda mais em um momento no qual a entidade tem na igualdade de gênero uma de suas bandeiras mais importantes.

Para os Jogos de Tóquio, a mudança de comando na organização será mais uma pedra no caminho, faltando cinco meses para o seu início.

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Marcelo Laguna

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