COI ameaça excluir o boxe da Olimpíada

A escolha de um dirigente ligado ao crime organizado e suspeita de manipulação de resultados na Rio-2016 podem determinar a saída do boxe dos Jogos Olímpicos

Imagine se Al Capone, um dos maiores gângsteres da história, ou até Michael Corleone, o inesquecível personagem da saga do cinema “O Poderoso Chefão“, resolvessem comandar uma federação esportiva internacional. Seria um escândalo, com direito a textões em redes sociais e tudo mais, certo?

Pois algo parecido pode acabar tirando o boxe do programa esportivo das Olimpíadas.

O recado duro foi passado neste domingo pelo presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach. Durante coletiva de imprensa em PyeongChang, onde se encontra para acompanhar a Olimpíada de Inverno a partir desta sexta-feira (9), o alemão não aliviou suas críticas em relação à Aiba (Associação Internacional de Boxe).

“O Conselho Executivo do COI não está satisfeito com o relatório elaborado pela Aiba sobre questões de governança, finanças, arbitragem e doping. Por isso, o COI reserva-se o direito de rever a inclusão do boxe na Olimpíada da Juventude em Buenos Aires, este ano, e na Olimpíada de Tóquio, em 2020”, afirmou Bach.

Embora não comente isso oficialmente, o presidente do COI está inconformado com o novo comando da Aiba. Em dezembro, após a saída do taiwanês C.K. Wu, afastado por má gestão financeira, foi escolhido Gafur Rakhimov como presidente interino da entidade. Isso acendeu o alerta vermelho dentro do COI.

O dirigente do Uzbequistão é apontado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos como sendo uma pessoa com fortes vínculos ao crime organizado na Ásia, onde comandaria uma organização batizada com o singelo nome de “Os Ladrões“. Rakhimov nunca sofreu qualquer tipo de processo, mas foi acusado de extorsão, lavagem de dinheiro, suborno e roubo.

Resultados arranjados

Se as questões éticas e morais já não fossem graves, esportivamente falando o boxe amador também está com problemas, segundo o COI. Thomas Bach afirmou que há fortes indícios de que a Aiba não conseguiu acabar com os problemas de resultados arranjados de lutas. Denúncias de apostas ilegais em competições de boxe amador, incluindo o acerto prévio de vencedores, já abalaram a credibilidade inclusive de campeonatos mundiais da modalidade.

Agora, o COI suspeita que o esquema funcionou também na Olimpíada Rio-2016. Um dos combates que estariam sob suspeita seria o da final dos pesos pesados, quando o russo Evgeny Tishchenko ficou com a medalha de ouro, após derrotar Vassily Levit, do Cazaquistão. Outra polêmica envolveu a derrota do irlandês Michael Conlan, do peso galo (56 kg), que acusou a Aiba de corrupção após sua inesperada derrota por pontos para o russo Vladimir Nikitin.

Se quiser evitar uma possível exclusão da Olimpíada, é bom que os dirigentes da Aiba se apressem. O COI avisou que aguarda um novo relatório mostrando as mudanças a respeito da governança até o dia 18 de abril.

Serão pouco mais de dois meses para que o boxe amador tente evitar sua maior derrota.

Marcelo Laguna

Mais em​ Laguna OlímpicoBoxe

Jucielen Romeu e Luiz Oliveira e mais 12 atletas se sagram campeões brasileiros de boxe de 2025; Confira a lista de vencedores
A inédita vitória na Copa do Mundo de tênis de mesa de Macau conseguiu ser destaque no noticiário geral e até nos intervalos da transmissão do futebol
Presidente do comitê olímpico americano tem mantido reuniões com membros do governo, tentando atenuar as duras medidas restritivas de Trump para vários países
Modalidade que estará na Olimpíada de Los Angeles-2028 saberá até junho se contará com a participação dos astros da liga profissional de futebol americano