Ao flertar com a insensatez, COI pode pagar um alto preço

Mesmo a quatro meses para a Olimpíada de Tóquio, cartolas do COI ignoram os riscos da pandemia do coronavírus

O COI (Comitê Olímpico Internacional) publicou nesta terça-feira (17) um comunicado que tinha como finalidade dar uma satisfação ao mundo sobre a dúvida que atormenta a todos: o adiamento (ou cancelamento) da Olimpíada de Tóquio-2020 em razão da pandemia do coronavírus. E sem a menor cerimônia, a despeito do crescimento exponencial dos casos em todo o mundo, a cartolagem do COI, comandada pelo alemão Thomas Bach, vaticinou: fica tudo como está. Ou seja, a programação original está mantida, até segunda ordem. Assim, os Jogos começarão no próximo dia 24 de julho.

O blog está no Twitter. Clique e siga para acompanhar

Em português bem claro, a verdade é que não há nenhum clima para se pensar em Olimpíada neste momento. E se estivesse de fato preocupado com a saúde das pessoas envolvidas no evento (atletas, treinadores, torcedores e mídia) diante desta pandemia global, os cartolas teriam nesta terça anunciado o adiamento dos Jogos para outubro ou novembro.

Pode parecer irônico que um blog que tem a palavra “olímpico” em seu nome não comemore o fato de que a maior festa esportiva do planeta tem sua programação mantida.

+ O blog também está no Instagram. Siga

Não é ironia. Simplesmente é ver que os interesses dos envolvidos passam longe do bem-estar público.

Ironicamente, o comunicado do COI veio no mesmo dia em que duas outras grandes competições foram adiadas para 2021. A Eurocopa, que aconteceria em 12 países e teria sua abertura na Itália, um dos países com maior número de vítimas, e a Copa América. Quando a Conmebol, com seu histórico de trapalhadas e decisões equivocadas, toma uma decisão sensata, dá para ter uma ideia do tamanho do risco que o COI está correndo.

Prejuízo esportivo

O prejuízo esportivo é incalculável. No comunicado, o Comitê Olímpico Internacional disse que irá flexibilizar as regras de classificação. Pouco mais de 40% das vagas ainda não foram destinadas, diante de inúmeros pré-olímpicos ou eventos classificatórios cancelados. A nota pediu para os atletas seguirem treinando normalmente.

Os “gênios” só não explicaram como será feito este treinamento se em vários países todas as instalações e ginásios estão fechados, por precaução; E os esportes coletivos então? O problema é muito mais complexo do que fazer um texto com palavras encorajadoras.

Pior ainda é que a decisão foi tomada sem nenhum tipo de garantia das autoridades sanitárias mundiais.

+ Curta a página do blog no Facebook

“Ah, mas a epidemia está sendo controlada na China e o número de casos no Japão é baixo”, alguém pode resmungar, lendo os parágrafos acima. Caro ou cara leitor(a), o problema é que o coronavírus vem causando estragos inimagináveis em outros países, especialmente na Europa. Estado de emergência e quarentena obrigatória já foram decretados na Itália, França, Espanha. Fronteiras fechadas na União Europeia e voos cancelados da outros países para os Estados Unidos.

Continua achando “mimimi” do blogueiro? Veja no seu próprio quintal como já está a situação no Brasil, com aumento crescente de casos positivos a e as primeiras mortes confirmados nesta terça-feira.

+ Veja mais notícias sobre o coronavírus

A Olimpíada jamais pode ficar acima da saúde pública, só não enxerga isso quem não tem empatia ou tem outros interesses. No caso do COI, o tal espírito olímpico foi simplesmente deixado de lado. Só que a aposta dos cartolas pode cobrar um preço alto demais.

Tomara que eu esteja errado.

Marcelo Laguna

Mais em​ Laguna OlímpicoOlimpíada

A inédita vitória na Copa do Mundo de tênis de mesa de Macau conseguiu ser destaque no noticiário geral e até nos intervalos da transmissão do futebol
Presidente do comitê olímpico americano tem mantido reuniões com membros do governo, tentando atenuar as duras medidas restritivas de Trump para vários países
Modalidade que estará na Olimpíada de Los Angeles-2028 saberá até junho se contará com a participação dos astros da liga profissional de futebol americano
A ucraniana Daria Bilolid, bronze nos Jogos de Tóquio-2020 na categoria até 48 kg, deixou os tatames para defender a equipe feminina do Metalist