Decisão de cancelar a ‘Casa Brasil’ em Tóquio foi correta

Local que serviria para celebrações entre atletas e patrocinadores custaria cerca de R$ 13 milhões. Em seu lugar, haverá uma "Olympic Fest" em São Paulo

Não é segredo para ninguém que dinheiro foi artigo de luxo no atual ciclo olímpico do esporte brasileiro. Ao contrário da preparação para a Rio-2016, a grana foi curta para todos na caminhada rumo a Tóquio-2020.

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Diversas confederações esportivas viram o caixa minguar com a torneira seca dos cofres das empresas estatais e de muitas empresas privadas. Basicamente, a única fonte de recursos para todas as entidades é a verba distribuída pela COB (Comitê Olímpico do Brasil) dos recursos da Lei Agnelo/Piva.

Confederações quebradas

Algumas, como a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), praticamente faliram. Sem contar mais com o apoio dos Correios – que injetaram nos ciclos de Londres-2012 a Rio-2016 nada menos do que R$ 95 milhões –, viveu uma crise política e financeira sem precedentes.

Com direito à saída de dois presidentes, Coaracy Nunes (afastado por suspeita de desvio de verbas públicas) e de Miguel Cagnioni, que renunciou após perder apoio das federações estaduais por não conseguir colocar a casa em ordem e também por falhas administrativas graves.

Saiba você que tem confederações por aí que só sobrevivem com os repasses específicos que o COB faz para ações de treinamentos de atletas no exterior. Enquanto isso, funcionários amargam cerca de 90 dias de salários atrasados.

Os programas de apoio federal aos atletas, como o Bolsa Atleta e Bolsa Pódio, também reduziram consideravelmente os repasses e total de contemplados.

Diante deste cenário de austeridade, me parece totalmente acertada a decisão do COB em cancelar a criação da chamada Casa Brasil em Tóquio, durante o período dos Jogos Olímpicos.

Custo “derruba” Casa Brasil

O local, que já foi utilizado em outras edições dos Jogos neste século, teria como principal função ser um espaço de convivência entre patrocinadores, dirigentes e atletas. Em outras palavras, o preço ficou inviável.

Uma cópia do orçamento para a criação da Casa Brasil, a qual o blog teve acesso, datada do ano passado, mostra que o custo seria superior a R$ 19,6 milhões para instalar o local no bairro de Shibuya. Mesmo com o preço tendo sido reduzido para cerca de R$ 13 milhões, o COB anunciou nesta quarta-feira (19) que estava abandonando o projeto, por decisão do Conselho de Administração da entidade.

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Segundo comunicado do Comitê Olímpico Brasileiro, os motivos foram a “incerteza trazida pela variação do dólar e ao alto custo do Japão, embora já tivesse sido captado cerca de 40%” do valor da Casa Brasil.

“Entendemos que será mais efetivo atuar de forma pontual com os stakeholders no Japão e se utilizar da plataforma digital para o fortalecimento da marca, dois dos papéis atribuídos inicialmente à Casa”, disse o diretor geral do COB, Rogério Sampaio.

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Foi decidido que no lugar da Casa Brasil, haverá a criação de um espaço chamado “Olympic Fest Time Brasil”, em São Paulo, nos finais de semana dos Jogos. Estão previstas transmissões dos eventos olímpicos no Japão, experiências esportivas e a presença dos atletas medalhistas quando retornarem ao Brasil.

Felizmente, o bom senso prevaleceu. Não teria mesmo cabimento gastar R$ 13 milhões para criar um espaço de comemorações, quando muita gente sofre com recursos escassos para chegar à Olimpíada de Tóquio.

Marcelo Laguna

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