Superando perda do pai, Bruno Fontes vai às lágrimas em Lima

Fernando Ferreira faleceu em fevereiro. De lá para cá, velejador Bruno Fontes demonstra força emocional e conquista a prata nos Jogos Pan-Americanos

Nascido em Curitiba, Bruno Fontes é um atleta experiente. Tanto que já decidiu pela aposentadoria depois da participação nos Jogos Pan-Americanos de Lima, quando conquistou a medalha de prata na classe Laser. Perto de completar 40 anos de idade, ele sofreu um duro golpe às vésperas da competição em solo peruano. Em fevereiro, perdeu o pai. O momento mais complicado que passou em toda a carreira.

Após o resultado obtido nas águas de Paracas, Bruno foi às lágrimas. Pensou imediatamente no maior companheiro. Enfrentando as dificuldades impostas pela vida, dedicou o triunfo para quem passou a acompanhá-lo de outra maneira a partir de agora. Respirando fundo, não desistiu da entrevista e demonstrou força. A saudade, o carinho e o amor tomam conta do coração. “Eu gostaria de falar para ele que eu consegui (chegar ao pódio no Pan). A minha relação com ele era muito forte porque ele era cadeirante. Ele era o centro da família. Apesar de ser cadeirante e paraplégico, ele nunca demonstrou fraqueza. Sempre cuidando da família. Ele era o nosso núcleo da família. Foi uma pancada forte. Feliz de conquistar o que eu queria e o que ele queria também.”

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Desafiando problemas de saúde e debilitado fisicamente, Fernando Ferreira, o pai, não aguentou. O choque afetou as pessoas mais próximas, como não poderia ser diferente. Bruno Fontes sentiu dor, claro, mas lutou para superar o trauma. Forte, projeta outros rumos no esporte depois de cumprir o dever de conquistar uma medalha no Peru. Daqui para frente, as projeções são diferentes. Sempre lutando por ele.

“O Pan foi a minha aposentadoria. Foi um ano muito difícil para mim. Comecei o campeonato não tão bem e vim acreditando. Até a última regata eu podia conquistar a medalha de ouro. É um sonho de uma vida. São mais de 20 anos velejando nessa categoria. Eu tive muitos obstáculos pela frente, enfrentei muito o Robert Scheidt, que voltou para a categoria. Hoje, eu estou migrando para o projeto da China, de ser técnico por lá. Com dor no coração de ter que assumir esse projeto por conta da falta de incentivo no nosso país. Estou feliz em virar essa chave depois de tantos anos aí na sombra, de ter perdido a medalha de prata em Guadalajara em uma regata parecida com essa. Agora, tive a oportunidade e não deixei escapar. Momento especial e  único de chegar no objetivo que me faltava, que era a medalha no Pan-Americano. É um enredo final perfeito para mim. Um campeonato que não começou tão bem e foi quase ouro. A prata é muito bem vinda”, finalizou.

Otávio Freire

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