A ilusão do legado olímpico

Se hoje há questionamentos sobre o real legado olímpico da Rio-2016 no Brasil, antes havia uma perspectiva completamente diferente do cenário pós-Jogos
Parque Olímpico Rio-2016
Visão aérea do Parque Olímpico Rio-2016, cujo legado olímpico ainda é uma incógnita (Crédito: Ricardo Sette)

Atualizado em 17/8/2017

Alvo de muitas críticas, dúvidas e questionamentos um ano após a Rio-2016, o tal “legado olímpico” era considerado antes da Olimpíada como a maior conquista do Brasil. Mas será que foi mesmo?

Apenas em relação ao legado esportivo, o uso incipiente das instalações até agora (não apenas na Barra mas como no Parque de Deodoro), a o alto custo de manutenção que vem sendo bancado pelo ministério do Esporte (o que não estava nos planos originais), a não utilização do espaço da Arena do Futuro como escolas municipais (também como estava programado), enfim sobram pontos de interrogação. O custo de manutenção do Parque Olímpico, segundo a Aglo (Autoridade de Governança do Legado Olímpico), será de R$ 45 milhões anuais.

O incrível é que havia uma grande ilusão de muita gente quanto a isso antes da festa olímpica  começar.

O vídeo abaixo foi feito pela Sou do Esporte, associação sem fins lucrativos que atua como rede de relacionamento entre atletas, entidades esportivas, poder público e o setor privado. Comandada pela jornalista Fabiana Bentes, atua também no trabalho de avaliação da governança das confederações esportivas do Brasil. Concede o prêmio Sou do Esporte de Governança, com respaldo da Play the Game, ONG localizada na Dinamarca e que promove a transparência no esporte.

O vídeo traz depoimento de Bernard Rajzman, medalhista olímpico no vôlei e representante brasileiro no COI (Comitê Olímpico Internacional), sobre questões a respeito da realidade do esporte brasileiro. Ele fala também sobre questões ligadas à organização da Rio-2016. (aliás, clique no canal da Sou do Esporte no YouTube para acompanhar outros vídeos)

Em dois trechos (a 5min45 e 6min48), Bernard deixa claro que a imagem que se vendia do cenário pós olímpico seria bem diferente do que a realidade nos mostra atualmente.

IMPORTANTE: antes que venham as marretadas, é necessário dizer que criticar e questionar o legado olímpico do Brasil não é vira-latismo, oportunismo ou algum sinônimo de falta da patriotismo. Trata-se de um dever jornalístico (e para qualquer cidadão) questionar sempre, permanentemente, a gestão deste tal legado. O custo total da Olimpíada Rio-2016 passará dos R$ 40 bilhões, boa parte usando recursos públicos.

Confira abaixo:

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Marcelo Laguna

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