Troca do governo, e não do ministro do Esporte, é a maior ameaça à Rio 2016

Imagem aérea do Parque Olímpico da barra da Tijuca. Crédito: Renato Sette Camara/Prefeitura do Rio
Imagem aérea do Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Crédito: Renato Sette Camara/Prefeitura do Rio

A bomba que agitou o cenário esportivo do Brasil nesta quarta-feira (23) foi a saída do ministro do Esporte, George Hilton. O deputado federal pelo PROS-MG havia sido colocado no cargo no começo de 2015, no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, quando ainda estava em seu antigo partido, o PRB. Por enquanto, interinamente o secretário de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, assumirá o cargo. Mas a principal preocupação é se esta mudança inesperada trará efeitos negativos aos Jogos Olímpicos Rio 2016. Pelo que se fala nos bastidores de Brasília, a maior ameaça é se ocorrer a saída de Dilma antes da Olimpíada.

Segundo pessoas que acompanham de perto os movimentos da política em Brasília, a presença de Leyser, mesmo sendo de um partido com ideologia política oposta a do PRB (ele integra os quadros do PC do B há anos), indica que as coisas seguirão nos rumos atuais, sem nenhuma mudança de rota. E mesmo que um novo nome do PRB seja indicado para a ocupar o cargo, Ricardo Leyser seguirá ligado aos Jogos, o que é perfeitamente natural, pois ele está no ministério desde 2007 e participou intensamente do processo de candidatura do Rio para 2016 e tem sido o principal interlocutor do governo na organização do evento.

>>> E mais: Confusão no caso Leyser já mostra como será o futuro do esporte brasileiro pós-2016

Além disso, acompanhou de perto a implantação dos programas federais de auxílio na preparação dos atletas brasileiros para os Jogos, como o Bolsa Atleta e o Bolsa Pódio (com todas as distorções, pontos positivos e negativos que estes programas possam ter). Ou seja, ele conhece a engrenagem que colocará a Olimpíada em funcionamento como poucos.

Se a troca de comando no ministério do Esporte não preocupa tanto, o mesmo não se diz em relação a uma possível saída de Dilma Rousseff. “Em relação aos Jogos, só ocorrerá impacto no caso de Dilma ser tirada da presidência”, confidenciou-me uma fonte em  Brasília. Essa preocupação, por sinal, existem também na mídia estrangeira. Nos últimos dias, fui procurado por dois veículos para falar sobre a Rio 2016 e boa parte das perguntas dizia respeito ao risco que haveria com o desenrolar da crise política.

Impossível fazer qualquer previsão quanto a isso, pois as coisas mudam radicalmente em pouco tempo. Mas pelo menos por enquanto, a saída de George Hilton está longe de ser o maior dos problemas para a Rio 2016.

 

Marcelo Laguna

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