Seleção Brasileira de Conjuntos inicia preparação para 2019

Gabrielle Moraes, da Unopar (PR), assume a posição que foi de Jéssica Maier nos últimos sete anos na Ginástica Rítmica

A temporada de 2019 já começou para as meninas da Seleção Brasileira de Conjuntos da ginástica rítmica. Desde quinta-feira (10) que as atletas iniciaram o período de concentração permanente em Aracaju (SE).

Nesta primeira etapa, serão feitas as avaliações físicas e técnicas das ginastas. Foram convocadas para compor a Seleção de Conjunto as seguintes atletas: Amanda dos Santos (Unopar-PR), Bárbara Galvão (Sesi-AL), Camila Godinho (AGIR-PR), Déborah Barbosa (Escola de Campeãs-ES), Gabrielle Moraes (Unopar-PR), Morgana Gmach (Sadia-PR), Nicole Duarte (Unopar-PR), Victoria Borges (CSS-SE) e Vitória Andrade (GNU-RS).

Uma das novidades da Seleção para a temporada de 2019 será a troca da capitã da equipe. Após a saída de Jéssica Maier, anunciada durante o Brasileiro de Conjuntos “Ilona Peuker”, no final de novembro passado, será a vez de Gabrielle Moraes assumir o posto. Jéssica foi a capitã da Seleção nas últimas sete temporadas.

Seleção permanente

Em um ano repleto de competições importantes, a Seleção Brasileira de Conjuntos intensifica sua preparação visando a participação na Olimpíada de Tóquio-2020. As atletas continuarão morando em Aracaju, em uma estrutura já montada, que conta com o apoio do Ministério do Esporte, que agora passa a ser Secretaria Especial do Esporte, e também com o apoio da CAIXA, patrocinador master da ginástica brasileira.

“As 10 ginastas selecionadas ficarão concentradas em Aracaju seguindo uma rigorosa rotina de treinos. O tempo é muito curto e temos que ir com força máxima para chegarmos com excelência na execução”, afirmou Camila Ferezin, treinadora da Seleção Brasileira de Conjuntos e Coordenadora das Seleções de Ginástica Rítmica da CBG.

“Em Aracaju, elas têm o acompanhamento de toda equipe multidisciplinar, com acesso à fisioterapia, acompanhamento médico, nutricional, além de assessoria psicológica. Estamos com muito empenho e empolgadas com as novas coreografias”, completou Camila, que também detalhou como será este início de trabalho em 2019.

“Neste primeiro mês, vamos preparar muito bem as ginastas fisicamente para aguentar a carga de treinamento da temporada e também melhorar as coreografias já montadas no final do ano passado. Este início de ano vai ser de muito trabalho, já que de acordo com as regras, muda tudo: as músicas, as coreografias e os aparelhos. O principal objetivo é a execução das novas séries com excelência”, disse Camila, lembrando que a equipe iniciará seu período competitivo em abril, com viagens para disputar etapas da Copa do Mundo na Europa.

A Seleção de Conjuntos tem como principais metas nesta temporada obter grandes resultados nos Jogos Pan-Americanos de Lima (PER), em julho, e também no Campeonato Mundial de Baku (AZE), em setembro, evento que distribuirá vagas para a Olimpíada de Tóquio-2020.

Nova coreografia

Outro ponto importante neste início de trabalho da Seleção de Conjunto será em cima da nova coreografia. A treinadora Camila Ferezin chegou a pedir via redes sociais sugestões dos torcedores para novas músicas que poderiam integrar as apresentações da equipe em 2019.

“Fizemos uma campanha nas redes sociais e recebemos muitas músicas lindas. Tivemos tantas belas canções que ficou até difícil de escolher. Optamos por uma bela música, cantada com voz e palavras, para a série de 5 bolas”, disse Camila.

“A questão é que quase todas as músicas enviadas eram com voz e palavras e só poderíamos escolher uma música assim. Então, a música de arcos e maças nós que encontramos e o compositor Otávio dos Santos foi quem editou. É uma versão completamente diferente de tudo que já usamos e um estilo também bem diversificado da série de 5 bolas, ficou muito legal e certeza que vai surpreender”, afirmou a treinadora da Seleção.

O músico Otávio dos Santos, que trabalha com a Seleção de Conjuntos desde 2011, lembra que foram muitos os desafios que precisou superar quando começou a compor as músicas da equipe.

“Do ponto de vista criativo, o que me chamou mais atenção foi o conflito entre os movimentos e a música.  A forma de pensar da coreografia e de como eu penso a música, em muitos momentos ficam em conflito. Enquanto a coreografia pensa em ciclo de movimentos e gestos, eu penso em compassos. No começo, a Camila pedia por exemplo para antecipar dois segundos da batida da bateria. Só que aqueles dois segundos ficavam no meio de um compasso e eu não tinha como cortar. Até que eu entendi que o ciclo de movimentos, o gestual, precisava de alguma marcação da bateria exatamente ali. Até entender isso, foi bastante trabalhoso”, afirmou.

A questão do tempo de duração da música também é um desafio que Otávio precisa superar a cada trabalho. “As músicas têm no máximo 2m30s. Tentamos colocar vários momentos diferentes, para que não fique monótono e que a coreografia se torne mais interessante. Criamos vários momentos, começa mais lenta, com menos instrumentos, depois fica mais rápida e volta para uma parte mais suave e geralmente acaba mais para cima. É uma preferência da Camila, de que a coisa acabe em alto astral, para que a energia da plateia contagie as meninas e faça com que a apresentação seja mais contagiante”, explicou.

Otávio dos Santos conta que a questão instrumental tem um peso muito importante nas coreografias do Brasil. “Sempre priorizamos instrumentos brasileiros, pois como a seleção representa o país no mundo inteiro, damos preferência a instrumentos como o berimbau, cavaquinho, instrumentos percussivos. Além dos gêneros samba, forró, axé, baião. Sempre tentamos priorizar coisas que só tem aqui, sempre buscando fazer algo diferente. Na Rio-2016, “Aquarela do Brasil” foi escolhida por ser um hino que representa o Brasil, é um samba e conseguimos que fosse interpretada pela Ivete Sangalo. Foi muito legal porque ela também representa o Brasil mundo afora e tem esse espírito brasileiro no jeito de interpretar”, afirmou.

“Após escolher o repertório, faço as minhas sugestões e a partir do momento em que ela dá o ok, aí começa o meu trabalho. Levo os músicos para o estúdio, faço um arranjo, peço também sugestões aos músicos na hora de gravar, que me passam outras referências que não tenho. É um trabalho longo, de dois ou três meses, e uma nova visão ajuda muito. Após finalizar, envio para a Camila ouvir, quando ela pede algumas alterações. É comum fazermos cinco ou seis versões da música. Na versão final, ela é gravada em estúdio e eu passo para a Camila”, explicou Otávio dos Santos, que revelou um detalhe: nunca vê a coreografia com música antes de uma competição.

“Quando eu componho, não vejo a coreografia. Às vezes, a Camila me manda uma parte em vídeo, só para saber o que ela quer. Mas eu nunca vi a coreografia delas antes das competições. Na Olimpíada do Rio, só vi a música com a coreografia pela TV. E mesmo sabendo que está tudo certo, a música está gravada, eu fico tenso. É como se o músico pudesse errar um pandeiro. Da mesma forma, quando a Seleção ganha uma medalha em um Pan-Americano, sinto também um pouco daquela vitória”, afirmou Otávio.

Otávio Freire

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