Duas estrelas do esporte brasileiro foram homenageadas pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) nesta terça-feira (15) no encerramento do II Fórum Mulher no Esporte no Rio de Janeiro. A medalhista olímpica Rosangela Santos e a multimedalhista dos Jogos Pan-Americanos Joanna Maranhão receberam o Prêmio Melânia Luz, como reconhecimento de seus trabalhos dentro e fora da pista e o legado que deixaram para o esporte feminino do Brasil.
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Joanna Maranhão é um dos maiores nomes da história da natação feminina do Brasil. Dona de oito medalhas em Jogos Pan-Americanos, a pernambucana ficou em quinto lugar nos 400m medley nos Jogos Olímpicos Atenas-2004. Esse é até hoje o melhor resultado olímpico de uma mulher brasileira em provas de piscina da natação.
“Eu confesso que quando me falaram que eu ia receber o prêmio eu senti um certo incômodo pensando: será que eu mereço receber uma homenagem assim? Porque muitas vezes no universo olímpico a gente foca apenas na performance. E eu me considero uma atleta boa, mas não uma atleta extraordinária a ponto de receber um prêmio desses. Acho que a mensagem de eu estar aqui, não sou eu Joanna. Mas são todas as pessoas que sofreram alguma violência dentro do esporte. E que talvez eu tenha sido um veículo para colocar luz nesse problema e talvez eu represente esse lado do esporte que é tão importante”, disse Joanna Maranhão ao Olimpíada Todo Dia.
Joanna Maranhão revelou em uma entrevista em 2008 que foi abusada sexualmente por seu então treinador quando tinha nove anos de idade. Após sua denúncia, o Congresso Nacional aprovou a Lei Joanna Maranhão, estabelecendo que o prazo de prescrição de abuso sexual de crianças e adolescentes seja contado a partir da data em que a vítima completar dezoito anos.
De velocista a velocista
A velocista Rosangela Santos foi para sua primeira Olimpíada em Pequim-2008, quando foi finalista do revezamento 4x100m rasos, terminando em quarto lugar com o time brasileiro. Anos depois, a equipe da Rússia, que havia levado o ouro originalmente, foi desclassificada por conta de um caso de doping na equipe. Com oito anos de atraso, Rosangela tornou-se medalhista olímpica. Em 2017, ela fez história ao se tornar a primeira atleta brasileira a correr os 100m rasos abaixo de 11 segundos. Com um tempo de 10s91, Rosangela Santos se classificou para a final do Mundial de 2017, terminando a disputa na sétima colocação. “Essa homenagem é uma honra, porque a Melânia foi uma pioneira nos 100 metros. Então estou muito feliz e honrada por estar passando por esse momento”, afirmou a velocista ao Olimpíada Todo Dia.
Prêmio Melânia Luz
Melânia Luz foi uma velocista, dona de sete medalhas em Campeonatos Sul-Americanos de atletismo nos 100m, 200m e no revezamento 4x100m rasos. Em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres, ela se tornou a primeira mulher negra a representar o Brasil em uma Olimpíada. Além do pioneirismo, Melânia representa o valor do atletismo como um dos principais esportes de inclusão social e, principalmente, de reconhecimento da força da população negra numa modalidade tão importante, considerada por muitos a número um das Olimpíadas.