Gabriela Muniz quebra recorde brasileiro sub-20 e sonha com índice olímpico

Gabriela Muniz foi o principal destaque do primeiro dia do Campeonato Brasileiro Sub-20 de atletismo, que está sendo disputado em Bragança Paulista

A brasiliense Gabriela Muniz (CASO) confirmou o seu amplo favoritismo nos 10.000 m marcha atlética do Campeonato Brasileiro de Atletismo Sub-20, que começou nesta sexta-feira (21/5), no Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo (CNDA), na cidade de Bragança Paulista (SP). Aos 18 anos – completa 19 no dia 12 de junho -, ela conquistou o tricampeonato da competição, com direito a recorde do torneio, recorde brasileiro e ratificação dos índices para o Mundial de Nairóbi, no Quênia, de 17 a 22 de agosto, e do Pan-Americano de Santiago, no Chile, de 22 a 24 de outubro – ambos na categoria sub-20.

Gabriela Muniz completou as 25 voltas na pista em 47:20:89. O recorde do Campeonato era dela mesma, com 50:38:30, desde 2019. Já o recorde brasileiro, Gabriela havia batido em abril, com 47.33.5. A atleta, companheira de treinos de Caio Bonfim, medalha de bronze nos 20 km no Mundial de Londres-2017, em Sobradinho (DF), ficou muito feliz com o resultado e com a sua evolução na modalidade. “Senti um pouco o clima seco em Bragança Paulista e não estou acostumada a competir à tarde. Mas fiquei feliz com a marca. Em outras condições, poderia ter alcançado um tempo ainda melhor”, comentou.

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Campeã da Copa Pan-Americana Sub-20 no dia 7 de maio, em Guayaquil, no Equador, a Gabriela Muniz tem novos desafios pela frente. Além de querer fechar com chave-de-ouro a categoria este ano, ela sonha em conseguir o índice para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio. “Não é a minha prioridade, mas um desejo forte. Se tiver a oportunidade, vou tentar minha qualificação nos 20 km”, disse, referindo-se à marca exigida de 1:31:00.

Gabriela Muniz comemora o recorde brasileiro sub-20
Gabriela Muniz comemora o recorde brasileiro sub-20 (Wagner Carmo/CBAt)

Treinada por Gianetti Bonfim e João Sena, pais de Caio Bonfim, Gabriela Muniz tem a expectativa de poder competir no tradicional GP de La Coruña, na Espanha, em junho. “Estamos fazendo de tudo para viabilizar a viagem do Caio e, se for autorizada, a Gabi vai também”, revelou Gianetti. “Lá o clima é excelente, muito propício à obtenção de grandes marcas, além de sempre reunir atletas de alto nível.”

João Sena está se movimentando nos bastidores. Pediu ajuda para a CBAt, o Comitê Olímpico do Brasil, a Embaixada da Espanha e o Ministério de Relações Exteriores para contornar as restrições que os brasileiros tem enfrentado para entrar na Europa em função da pandemia.

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Outro índice para o Mundial foi alcançado pelo potiguar Igor Clemente Medeiros de Oliveira (CPA-RN) nos 100 m. Venceu a prova com 10.58 (1.6), numa chegada acirrada, obtendo justamente o tempo exigido pela World Athletics. Só pôde comemorar após o anúncio do resultado pelo sistema de som do estádio.

“Não esperava a vitória. A prova estava muito forte e com vários atletas em condições de ganhar”, explicou Igor, de 19 anos, que mora e treina em Natal. “Consegui fazer a minha melhor marca pessoal e comemorar o resultado mais expressivo da minha carreira”, disse o velocista, que treina no Centro de Atenção Integrada à Criança (CAIC). “A pista da UFRN está fechada, mas eu consegui me virar na pandemia e treinar na praia. Moro a 500 metros do mar”, completou imensamente feliz.

Renan Correa Gallina (AA Maringá) conseguiu a sua segunda medalha de prata na competição, com 10.59 – já havia sido vice-campeão pela manhã no salto em altura. Enzo de Castro Barros (LUASA-SP) ficou em terceiro lugar, com 10.62.

Já a velocista paulista Ana Cecilia Correia de Oliveira (ABDA-SP) confirmou a boa regularidade ao vencer os 100 m, com 12.07 (0.1), recorde pessoal. Aos 17 anos, ela já havia conquistado a prata em 2020 na categoria e tinha sido campeã do Brasileiro Sub-18. “Estrou extremamente feliz porque queimei uma largada este ano e fiquei um pouco insegura. Na prova tudo deu certo e consegui meu PB”, disse a atleta nascida em Bauru (SP) e treinada por Maurício Birelo. “Estava preocupada também com o vento de Bragança Paulista, mas desta vez estava tranquilo para a marca ser homologada.” Tainara Mees (AATI-SC) foi a vice-campeã, com 12.10, seguida de Suellen Vitória de Sant’Anna (AEFV-RJ), com 12.18.

Quatro campeões pela manhã

Pela manhã, um dos destaques foi a baiana Nubia de Oliveira Silva (APA-PE), que venceu os 3.000 m, com 10:09.07, índice para o Campeonato Pan-Americano Sub-20 de Santiago, no Chile, em outubro.

“Fiz uma prova tática e arranquei só nos últimos 100 m”, contou Nubia, treinada por Antônio Ferreira Bonfim Filho, o Ferreirinha, em Jaguarari (BA), e que há quatro meses defende a APA, clube do sertão pernambucano. “Fiquei muito feliz com o resultado”, completou a atleta, campeã brasileira de cross country sub-20 no ano passado e nona colocada na Copa Pan-Americana da modalidade, disputada em 2020 em Victoria, no Canadá.

Gabriela de Freitas Tardivo (IPEC-PR) liderou quase toda a prova. Líder do Ranking Brasileiro Sub-20, com 10:02.99, ela acabou superada nos últimos metros e completou a distância em 10:10.71 em segundo lugar. “Estou aborrecida. O objetivo era o primeiro lugar”, disse Gabriela, que corre ainda no domingo (23/5) a final dos 3.000 m com obstáculos. “É uma prova que gosto bastante”, resumiu. Francielly da Silva Marcondes (Barra do Garças (MT) ficou em terceiro, com 10:31.43.

Nos 3.000 m masculino, Vinícius de Carvalho Alves (Orcampi-SP) foi o vencedor, com 8:36.71, novo recorde do Campeonato. O anterior era de Peterson Santos Ribeiro (Barra do Garças-MT), com 8:43.87, desde o ano passado. Peterson acabou em segundo lugar nesta sexta-feira, com 8:47.50, seguido de Maximino Kunen Junior (Balneário Camboriú-SC), com 8:51.39.

“Fiquei muito feliz com a vitória e com a minha estratégia de prova. Deixei para sair nas últimas quatro voltas para ganhar certa distância e não correr risco de perder na chegada”, comentou Vinícius, contente por ter somado mais pontos para a Orcampi e animado para a final dos 3.000 m com obstáculos, no domingo.

Quem também estava feliz era Marcos Roberto de Oliveira Lopes (APCEF-MG), ouro no lançamento do martelo, com 59,43 m, recorde pessoal. O anterior era de 59,20 m. Com o resultado, o atleta de 18 anos garantiu o bicampeonato da competição.

“Fiquei contente com a vitória, mas continuo focado em garantir vaga no Campeonato Pan-Americano Sub-20”, concluiu o filho da ex-lançadora Roberta de Oliveira, referindo-se ao índice de 66.38 m. Heber de Lima Santos (IPEC-PR) levou a medalha de prata, com 57,26 m, seguido de Leanderson Ferreira Cardoso (Sogipa-RS), com 55,08 m.

No salto em altura, depois de bater na trave várias vezes, Eron Maciel de Araújo (APA-SP) pôde comemorar a medalha de ouro. Em venceu com 2,00 m e depois ainda tentou ultrapassar 2,06 m, sem sucesso. Filho de Eronilde Araújo, tricampeão pan-americano dos 400 m com barreiras, ele sonha em ter tmbém uma carreira de sucesso. “Gosto muito do salto em altura e tenho certeza de que posso evoluir muito ainda. Quero passar ainda este ano dos 2,10 m e é para o Pan do Chile”, comentou o atleta, de apenas 16 anos. “Antes eu fazia provas combinadas, mas quero me dedicar ao altura mesmo.”

Renan Correa de Lima Gallina AA Maringá-PR) terminou na segunda colocação, com 1,95 m. Roger Mateus de Almeida Alves (SESI-SP) ficou na terceira posição, com 1,92 m.

Colaboração OTD

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