Marcha atlética pode mudar nas distâncias e na tecnologia

Conselho Executivo da IAAF vai analisar e provas de 20 km e 50 km do adulto podem ser reduzidas para 10 km e 30 km; introdução de palmilhas eletrônicas para verificação das passadas também será analisada.

A Federação Internacional de Atletismo (IAAF) discute mudanças na marcha atlética, uma especialidade que mais tem evoluído no atletismo brasileiro. Prova disso é que os melhores resultados do País no Campeonato Mundial de Londres, em 2017, foram obtidos na modalidade, com a medalha de bronze nos 20 km de Caio Bonfim, o quarto lugar de Erica Sena também nos 20 km e a quinta colocação de Nair da Rosa nos 50 km.

A Confederação Brasileira de Atletismo realiza neste domingo (17/2) a Copa Brasil Caixa de 50 km em Bragança Paulista (SP) e as demais provas serão disputadas no dia 17 de março na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Embora totalmente envolvidos com as competições, os marchadores e treinadores vivem neste momento a expectativa de algumas mudanças profundas na especialidade. O Comitê de Marcha Atlética da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) elaborou uma série de sugestões, com o objetivo “de tornar as provas mais atraentes” e de “garantir o futuro da mesma nas competições no mais alto nível internacional”.

As mudanças propostas serão apresentadas e discutidas durante a próxima reunião do Conselho Executivo da IAAF em Doha, no Catar, nos dias 10 e 11 de março.

As distâncias para competições de adultos, por exemplo, devem ser alteradas de 20 km e de 50 km para 10 km e 30 km no masculino e no feminino, a partir do Campeonato Mundial de Marcha Atlética de 2022. Outra mudança importante é tecnológica: a utilização de palmilhas eletrônicas RWECS, capazes de detectar se o atleta tem sempre um pé em contato com o solo (uma exigência técnica), a partir de 2021.

O Comitê de Marcha Atlética da IAAF fez o anúncio neste mês de fevereiro, em Mônaco, e disse ter ouvido 1.650 pessoas, entre atletas, treinadores, árbitros, fãs, patrocinadores, promotores de eventos e representantes de emissoras de TV, desde o início de 2018, em 100 países. A ideia é facilitar a transmissão das provas pela TV, interagir com o público por meio de telões, facilitar o entendimento das regras (por meio de locutores especializados) e atrair novos praticantes, entre outros motivos.

“Acho que naturalmente todo mundo é refratário a mudanças, mas não tem como discutir. Os treinadores terão de fazer novas planilhas e investir no tempo que ainda falta para a implementação para ir se adaptando”, disse João Sena, técnico e pai de Caio Bonfim, o melhor marchador do País. “Os atletas mais lentos, que fazem os 50 km serão os mais prejudicados.”

Para o treinador, Caio Bonfim deve investir nos 30 km. “Na teoria, essa prova cairá como uma luva para ele. Já os 10 km serão destinados para os supervelozes”, comentou.

A maior preocupação de Sena é com a palmilha eletrônica, que exigirá muita adaptação e exercícios de biomecânica.

Para José Alessandro Baggio, favorito na Copa Brasil Caixa dos 50 km, neste domingo, a mudança é radical. “As provas de marcha são disputadas há mais de 100 anos. Acho que a tradição deve ser respeitada”, opinou. “Os 50 km sempre foram a competição mais longa do atletismo da história, maior do que a maratona”, completou.

As distâncias não mudam para o Mundial do Catar 2019 e para a Olimpíada de Tóquio 2020. Para o Mundial do Oregon 2021, a sugestão é intermediária: 20 e 30 km. Só em 2022, começaria a disputa dos 10 e dos 30 km, sempre nas duas categorias. O tempo , segundo o Comitê, é necessário para a adaptação.

João Fraga

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